20 de junho de 2007

Do apelo de Deus ao nosso compromisso!













«Durante a viagem para mais um trabalho de evangelização, ouvi na rádio certa publicidade em que dois namorados faziam projectos para o seu futuro. Do género:




  • - Quando casarmos vais dar-me um carro do último modelo?, perguntava ela.

  • - Sim.
    - Vamos ter uma casa de campo?

  • - Sim.
    - E vamos ter quinze filhos?

  • - Quinze filhos?! Se calhar pensas que eu sou rico - arremata ele.


Esta publicidade, se bem que de forma exagerada, reflecte um pouco a mentalidade do mundo e as preocupações dos jovens de hoje, à hora de pensar na vida e projectar a construção do futuro. Ter uma família onde os filhos possam ser "como rebentos de oliveira ao redor da mesa" não faz parte dos projectos da maioria dos jovens casais de hoje.


"Não se fazem omeletes sem ovos!"


Nos próximos anos, a "velha Europa" precisará de uns milhares de emigrantes para poder dar resposta à necessidade de serviços e trabalhos que permitam o mínimo de bem-estar social à sua comunidade humana. A Taxa de Natalidade continua baixa. Depois dos "resultados frustrantes de um baby boom", previsto para a viragem do milénio, vivemos momentos de alguma "angústia populacional".Esta mesma situação reflecte-se na vida da Igreja, com a chamada "crise de vocações" pelo menos a nível europeu, pois em África e na América, por exemplo, as coisas são diferentes. Diz o povo no seu saber: "sem ovos não se fazem omeletes". É bem verdade, e sem rapazes e raparigas onde o apelo de Deus possa ter ressonância positiva, e tornar-se vida em acção, a crise vai continuar a existir. Mesmo que não possamos atribuir a "crise" apenas este factor, ele parece-me determinante.


Tudo começa na Família


Olhar para essa realidade a partir da Familiaris consortio poderia ajudar-nos a encontrar algumas razões de esperança, bem como alguns desafios que facilitariam a escuta do chamamento de Deus e a correspondente resposta dos jovens:


  • Descobrir na família uma comunidade de amor, como sinal do amor de Deus para com a humanidade numa relação esponsal.

  • Um amor que não se fecha em si mesmo, nem se constrói para si mesmo, mas que gera nova vida, no amor e para o amor.


  • Uma família que cultiva o crescimento dos seus elementos na responsabilidade, na liberdade, em valores humanos e divinos, que aponta projectos de realização a vários níveis, sentindo assim a felicidade de ser.


  • Uma família que se torna "Igreja doméstica", espaço de comunhão, de um mesmo sentir, de diálogo de uns para com os outros e com Deus e que vive da oração e da escuta de Deus que chama cada um dos seus elementos a alcançar metas de maior felicidade.



Deus continua a chamar(-nos)




Abraão é chamado a formar um grande povo e a ter uma terra. Como é que isto é possível a um homem que não tem filhos e já é de idade avançada, bem como a sua mulher? É possível, porque ele acredita e confia. "E todas as famílias da Terra serão em ti abençoadas." (Gn 12,3)
Só Deus abençoa continuamente o seu povo, e chama pessoas deste povo para O seguirem. É importante colocarmo-nos também numa atitude de fé e de confiança pois Ele continua a chamar...
É preciso que cada família se sinta envolvida por Deus e ajude os seus elementos a fazer escolhas perante opções pluridireccionais, de que também faça parte o apelo vocacional.»



frei Dino Costa,
in Revista Bíblica nº 290, pág. 10-11

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